Uma cantoria de passarinhos, a luz
do sol adentrando pela janela e o som do despertador do celular fazem a
combinação perfeita de minha alvorada. Todos ainda estão nas camas, se
espreguiçando. Acho que foi a melhor noite de sono. Descanso e relaxamento
total. Energias recuperadas com sucesso.
- Bom dia galera! São 07:00hs, vamos
puxar o barco? – Pergunto
Entre murmúrios o Makoto levanta e
diz:
- Vou para piscina!
Enquanto uns vão para a piscina e
outros arrumam bagagens, aproveito para dar uma caminhada de pés descalços e
sentir um pouco da energia do lugar. Sempre é muito interessante quando você
chega à noite em um lugar, e acaba conhecendo ele de dia. O lugar é lindo, as
cabanas ficam bem afastadas da casa principal, entre árvores e um grande
gramado. A cabana é muito confortável, toda de alvenaria em tijolos à vista,
rustica, com janelões amarelos de madeira. Uma pequena varanda onde ficaram
nossas bicicletas. O espaço do sítio é amplo, algumas árvores frutíferas, uma
mata ao fundo e um campinho de futebol protegido por uma tela. Resolvo ir até
lá, vou molhando os pés caminhando com a grama alta encharcada ainda do sereno.
Ao chegar junto a tela percebo um vulto, escuro, como uma sobra se deslocando à
esquerda de minha visão. Era uma aranha enorme, do tamanho de uma mão. Com
certeza uma caranguejeira. Maior do que esta eu só vi nas terras da minha tia
Sirlei, na época em que ela morava no Sertão do Santana. Deixo ela seguir seu
caminho, apenas observo, e também me dou conta que estou descalços. Minha mente
dispara um sinal de alerta e lembro que o Alegrete tinha comentado ontem, que
não era permitido acampar no sítio por causa de animais rastejantes, como
cobras, escorpiões e aranhas. Um forte barulho rompe o silêncio. A linha férrea
passa atrás do sítio. Um imenso trem carregado com inúmeros vagões rasga a
paisagem. Termino minha breve caminhada e vou direto tomar um banho quente para
iniciar o dia.
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